Dono da JBS grava Michel Temer dando aval para compra de silêncio de Eduardo Cunha

Por Aécio Gonçalves 18/05/2017 - 15:50 hs

O presidente Michel Temer foi gravado em uma conversa comprometedora com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, uma das maiores empresas de carnes e derivados do mundo. Durante o diálogo, que ocorreu no dia 7 de março, Temer dá aval para "compra de silêncio" do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná, na Operação Lava Jato. As revelações foram feitas pelos executivos da companhia durante delação premiada ao ministro Edison Fachin, no Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada na noite desta quarta-feira pelo colunista Lauro Jardim, do jornal ‘O Globo’.

De acordo com a reportagem, diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Na sequência, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados pelo dono da JBS.

Ainda segundo ‘O Globo’, Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Ao receber a informação, Temer incentivou: "Tem que manter isso, viu?".

Joesley diz ter gravado conversa com Temer na noite de 7 de março durante reunião de cerca de 40 minutos no Palácio do Jaburu.

O executivo disse que comentou detalhes com o presidente da mesada também paga ao lobista Lúcio Funaro, antigo aliado de Cunha. Os dois estão presos - o ex-deputado pegou 15 anos e quatro meses de condenação imposta pelo juiz federal Sérgio Moro; o lobista está custodiado preventivamente em Brasília.

Em depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Joesley disse que "não foi" Temer quem determinou a mesada a Eduardo Cunha. Mas ele afirma que o presidente "tinha pleno conhecimento" da operação pelo silêncio do peemedebista.

Os pagamentos ilícitos foram monitorados pela Polícia Federal. O procedimento é denominado "ação controlada" - com autorização judicial, agentes seguem os alvos, fazem filmagens e gravações ambientais.

Um repasse filmado foi de R$ 400 mil para uma irmã de Funaro, Roberta.

Assim que foram divulgadas as informações assessores palacianos mostraram surpresa e apreensão. Membros da comunicação do presidente e também o porta-voz, Alexandre Parola, subiram ao gabinete de Temer para avaliar o estrago das declarações e definir se haverá algum tipo de manifestação. Os principais interlocutores do presidente no Planalto não estão respondendo aos repórteres que insistem por uma posição do governo.